Comunidades intensificam mobilização por transparência na duplicação da BR-356


Lideranças comunitárias e movimentos sociais cobram acesso às informações do projeto e debate amplo com a população

02/06/2025 às 09h28

Por: Hynara Versiani

 

Moradores, lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais voltaram a se reunir na noite da última quinta-feira (29) para discutir os impactos da duplicação da BR-356 e a falta de informações acessíveis sobre o projeto. O encontro aconteceu na sede do Sindicato Metabase Mariana, no bairro Barro Preto, e foi conduzido por Rinaldo Pereira, Raquel Sousa e Letícia Oliveira, representantes de entidades locais e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

 

A duplicação da rodovia integra a concessão rodoviária do programa “Via Liberdade” e será leiloada no dia 10 de julho na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. O projeto prevê investimentos de R$ 6 bilhões, sendo R$ 2 bilhões oriundos da repactuação relativa ao rompimento da barragem de Fundão, em 2015. Segundo os presentes, a origem desses recursos torna ainda mais urgente a participação da população nas decisões sobre a obra.

 

Letícia Oliveira, da coordenação nacional do MAB, ressalta que os impactos de grandes empreendimentos não se limitam às áreas diretamente afetadas. “Essa duplicação vai atingir pessoas em vários municípios, não apenas as que vivem às margens da BR. Vai haver mudanças urbanas, cobrança de pedágio, e tudo isso pode gerar prejuízos à população se não houver um debate justo e transparente”, alerta.

 

Letícia também destaca que a falta de acesso à informação é o primeiro direito frequentemente violado em projetos dessa natureza. “O mínimo de informação que a comunidade tem precisa ser compartilhado. A luta por direitos começa com o direito à informação. Essa obra nasce de uma reparação de danos, mas corre o risco de provocar novos prejuízos se a população não for ouvida.”

 

Letícia Oliveira, da coordenação nacional do MAB

 

A reunião reforça críticas já apresentadas em encontros anteriores. No dia 7 de maio, comerciantes da região de Passagem de Mariana e Vila São Vicente manifestaram preocupação com os impactos econômicos da obra, que pode afetar diretamente supermercados, oficinas, lojas de ração e outros empreendimentos locais. O presidente da Associação de Moradores de Passagem, Rinaldo Pereira, defende, mais uma vez, a mobilização da sociedade: “Precisamos correr contra o tempo para garantir que a população esteja informada e participe desse processo”.

 

Apesar de o projeto prever intervenções como duplicações, faixas adicionais, acostamentos, travessias urbanas e passarelas, moradores afirmam que as audiências públicas realizadas até o momento não deram conta de esclarecer pontos essenciais do traçado nem seus desdobramentos sociais e econômicos.

 

 

Raquel Sousa, moradora da Vila São Vicente e uma das organizadoras da reunião do dia 29, reforça a necessidade de diálogo direto com as comunidades, lembrando que a população de Mariana não tem ciência dos impactos da duplicação. “Esse não pode ser um debate de gabinete. Estamos falando de possíveis remoções, mudanças no fluxo da cidade, impactos no comércio e na vida das pessoas. A população precisa ser chamada a participar.”

 

Outras reuniões devem ocorrer nas próximas semanas. Os organizadores também pretendem acionar representantes do poder público e exigir a divulgação de estudos técnicos, mapas do traçado e garantias de que os direitos das populações potencialmente atingidas serão respeit


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