No dia que marca os nove anos da tragédia causada pelo rompimento da barragem em Bento Rodrigues, moradores de Minas Gerais e Espírito Santo participaram de uma série de atos em Mariana para relembrar e exigir justiça para os atingidos. A programação começou às 9h, com um ato simbólico em Bento Rodrigues, local da tragédia que devastou a comunidade em 2015. Além disso, uma plenária foi realizada na Arena Mariana, reunindo centenas de pessoas para discutir o novo acordo de reparação recentemente firmado entre governos, mineradoras e instituições de Justiça.
OAB Mariana esteve presente
A plenária abordou os termos do novo acordo de reparação, que ainda gera dúvidas e descontentamento entre as comunidades afetadas. Segundo lideranças presentes, as reparações têm sido insuficientes e o evento foi mais uma oportunidade para levantar demandas que seguem pendentes e discutir formas de avançar nos processos de reparação.
Às 14h30, uma marcha tomou as ruas da cidade, partindo da Arena Mariana e culminando na Praça Minas Gerais. Durante o percurso, manifestantes ergueram faixas e entoaram palavras de ordem, reivindicando maior comprometimento das autoridades e empresas envolvidas. No encerramento, grupos de quilombolas de Mariana e Barra Longa apresentaram manifestações culturais e lideranças discursaram sobre a luta por direitos e pela memória dos atingidos.
A ausência de autoridades públicas durante os atos foi notada por todos: nem o prefeito nem vereadores compareceram para prestar apoio aos atingidos. Entre as poucas autoridades presentes estavam o promotor do Ministério Público de Minas Gerais, Daniel Campos, e o padre Marcelo Santiago, representando a Arquidiocese de Mariana. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mariana também esteve presente, reforçando seu apoio às vítimas da tragédia.
Um ponto de tensão surgiu durante a passeata quando manifestantes descobriram que, no mesmo horário, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAT) estava reunido na Rua Direita para analisar um pedido de expansão de uma mineradora da cidade. A indignação entre os manifestantes foi imediata, já que consideraram a reunião uma afronta à data, visto que era um momento de memória e luta. Com palavras de ordem, manifestantes pressionaram para que a reunião fosse suspensa, apontando o desrespeito de realizar essa pauta justamente no dia que marca uma tragédia ambiental que transformou a história de Mariana.
O ato reforça o sentimento de revolta e insatisfação dos atingidos, que continuam em busca de uma reparação justa e de maior consideração das autoridades. Mais de 300 pessoas participaram das atividades, relembrando que, após quase uma década, as comunidades afetadas ainda enfrentam desafios para a reconstrução de suas vidas.