Projeto Empoderar lança catálogo de produtos das bordadeiras e quitandeiras de Barra Longa


Objetivo é apresentar ao público a arte e as delícias feitas por mulheres que estão reescrevendo a própria história

16/04/2019 às 13h48

Com objetivo de dar visibilidade à produção artesanal de bordados e quitandas das mulheres de Barra Longa (MG), foi lançado o catálogo virtual de produtos feitos pelas Meninas da Barra e pela Cooperativa Rural Mista de Gesteira. A publicação contém as informações técnicas, contato das artesãs e imagens de algumas peças e das delícias feitas com muito capricho pelas mulheres de diferentes gerações que estão reescrevendo a própria história.


O catálogo é uma maneira atraente e profissional de exibir a produção artesanal das barralonguenses com detalhes. A iniciativa possibilita, por exemplo, apresentar os principais itens produzidos pelas cooperadas, além permitir de maneira prática contato com os consumidores, o que facilita a compra de qualquer item. A produção das artesãs e quitandeiras pode ser uma alternativa de presente para datas especiais, como Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namorados.

Cooperativa Rural Mista de Gesteira - Clique aqui e acesse o catálogo virtual

 

O catálogo virtual é um dos resultados do Projeto Empoderar, iniciativa da Associação Cultura das Gerais (ACG), com apoio da Fundação Renova, que tem aquecido a economia local e gerado renda e oportunidades para as famílias barralonguenses. Participam do projeto as mulheres da Cooperativa Rural Mista de Gesteira e do grupo de bordadeiras de Barra Longa, conhecidas como Meninas da Barra.

 

Para a presidente da ACG, Miriam Rocha, os projetos desenvolvidos com as quitandeiras e bordadeiras resultam no empoderamento da comunidade, herança que a Associação Cultura das Gerais e a Fundação Renova deixam para Barra Longa. “O que temos aqui é o empoderamento das linhas e agulhas, como disse [o estilista] Ronaldo Fraga”, afirma Miriam Rocha. As criações das bordadeiras se tornaram vestidos que apareceram em filmes e desfile na São Paulo Fashion Week em 2018 e, agora, fazem parte do acervo do Masp (Museu de Arte de São Paulo).

 

Segundo Miriam Rocha, a Cooperativa de Gesteira adquiriu equipamentos importantes para expandir os negócios, como máquina para venda no crédito e débito, telefone celular, computador e embalagens dos produtos com novo layout, além de constituir CNPJ. Isso significa que os serviços da cooperativa podem ser contratados tanto por empresas como pelo poder público para fornecimento de bufês, cafés e jantares. “O que vemos aqui é a moda e a gastronomia virando um importante roteiro. Torcemos para que Barra Longa seja reconhecida como a cidade do bordado e das quitandas”, diz a presidente da ACG.

 

É o que também espera a bordadeira Ana Maria Pereira, que vê um futuro promissor para as produções de Barra Longa. “Aqui, é tradição fazer bordado, sentar na porta de casa e bordar enquanto bate papo com a vizinha, a amiga. Isso aconteceu por anos até que veio a lama e trouxe uma grande tristeza pelo caminho por onde ela passou. Muitas bordadeiras perderam quase tudo que tinham, mas somos guerreiras, não abaixamos a cabeça e tivemos ajuda para se reerguer”, diz Ana Maria.

 

O convite do estilista Ronaldo Fraga para produzirem as peças do desfile da São Paulo Fashion Week foi um acontecimento único na vida delas. Ana Maria conta como as Meninas da Barra receberam a notícia: “A gente estava cabisbaixa, triste, sem conseguir produzir, e o desfile serviu para levantar a cabeça das bordadeiras, mostrar nosso valor. O que temos a fazer hoje é agradecer e dizer, em nome de todas, que estamos felizes com o resultado desse projeto”.

 

As linhas do bordado estão abrindo novos caminhos para as mulheres barralonguenses, que conquistaram as passarelas no maior evento de moda do Brasil. “Foi muito emocionante, algo tão maravilhoso que nunca imaginei acontecer comigo. O desfile deu mais visibilidade para o nosso trabalho, agora somos reconhecidas em todo o país. E isso nos enche de orgulho”, afirma a bordadeira Maria Aparecida Lana.

 

Meninas da Barra

As agulhas e fios das Meninas da Barra tecem arte e enredam uma história que entrelaça busca pela identidade e superação de barreiras. O grupo, formado em 2017, é constituído por cerca de 30 mulheres de 17 a 80 anos e desempenha um importante papel na remuneração das famílias, além de colaborar com o fortalecimento da economia local. As atividades têm apoio da Fundação Renova e fazem parte do programa de fomento à economia dos municípios impactados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.


Quitutes de Barra Longa

Em Gesteira, distrito de Barra Longa atingido pela lama da barragem de Fundão, as mulheres encontraram forças e se uniram em um projeto que valoriza os saberes e fazeres locais, transformando-os em quitutes disponíveis para o mercado.

 

A iniciativa também tem apoio da Fundação Renova e gera ocupação e renda para a comunidade. As mulheres que até então cuidavam da casa e dos filhos e ajudavam os maridos na lida da roça enveredaram pelos caminhos do empreendedorismo. Surgiu assim a Cooperativa Rural Mista de Gesteira, com 23 mulheres e um homem.

 

Das mãos dessas mulheres saem quitutes cheios de história e sabor. Feitas em fogão a lenha, utilizando leite fresco e fermento artesanal, delícias como bolos, broas, biscoitos, doce de leite, queijos, requeijão, manteigas e muitos outros produtos são um convite ao prazer gastronômico. As doceiras dessa comunidade são especialistas em produzir o chamado doce mole, um quitute de leite cremoso, de sabor único. O doce mole é servido em um canudinho artesanal.

 

Meninas da Barra - Clique aqui e acesse o catálogo virtual das bordadeiras

Meninas da Barra - Clique aqui e acesse o catálogo virtual das bordadeiras

 


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