A barragem de Fundão, em Mariana (MG), rompida em 2015, ainda ecoa suas consequências. Agora, vítimas da tragédia terão a chance de se expressar diretamente à Justiça Inglesa. Nos próximos dias, o escritório de advocacia Pogust Goodhead, representante das vítimas, realizará caravanas por cidades de Minas Gerais e Espírito Santo. O objetivo é ouvir as demandas daqueles impactados pelo desastre e informar sobre a ação coletiva em curso contra a BHP Billiton, uma das controladoras da Samarco.
Tom Goodhead, CEO do escritório britânico, afirmou que a meta é dialogar com cerca de 10 mil vítimas, dentre um universo de 700 mil, incluindo moradores, indígenas, quilombolas, municípios e instituições diversas. "Precisamos entender as necessidades dessas pessoas para buscar uma reparação completa", disse ele.
As cidades de Belo Horizonte, Barra Longa, Mariana, Governador Valadares, Resplendor, Linhares e Baixo Guandu estão na rota da caravana. Além de conversas com vítimas, estão previstas reuniões com prefeitos e líderes indígenas, para apresentar atualizações sobre o andamento da ação na Inglaterra.
A ação legal busca uma reparação coletiva e individual. Se bem-sucedida, pode alcançar o valor de R$ 230 bilhões. Esse montante supera em muito os R$ 3,4 bilhões que a BHP provisionou para responsabilidades relacionadas ao desastre. A data final do julgamento está marcada para 7 de outubro de 2024, após o recesso de verão, e deve durar 11 semanas.
Sobre a tragédia, em 5 de novembro de 2015, a barragem da Samarco liberou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos. O evento devastador resultou na morte de 19 pessoas, destruição de comunidades e contaminação da bacia do Rio Doce, afetando o abastecimento de água e o ecossistema local.
Em resposta, a BHP destacou que já foram feitos pagamentos a mais de 427 mil pessoas através da Fundação Renova e que cerca de R$ 30 bilhões já foram investidos em reparos. A mineradora refutou as demandas apresentadas na ação no Reino Unido e disse que continuará defendendo sua posição.