Uma palestra dentro da programação do “Agosto Lilás” marcou na manhã dessa terça-feira (22)a luta pelo combate à violência doméstica. O evento foi realizado pela Polícia Militar e Guarda Municipal, através da Patrulha Maria da Penha e Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania.
A campanha “Agosto Lilás” é dedicada à conscientização pelo fim da violência contra a mulher e busca dar visibilidade na sociedade para o tema. Esta campanha foi criada em referência à Lei Maria da Penha que, em 2023, completa 17 anos, e surgiu para proteger mulheres vítimas de vários tipos de violência como física, sexual, psicológica, moral e patrimonial.
Segue a síntese da entrevista com a GM Ana Cláudia coordenadora da Patrulha Mariana da Penha em Mariana.
Em um panorama repleto de desafios e desigualdades, a violência contra a mulher se mostra como uma chaga que afeta todas as classes sociais, independentemente da localização geográfica. Em uma busca por entender a fundo esse cenário alarmante, nossa reportagem sentou-se com Ana Cláudia, coordenadora da Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal de Mariana, para discutir medidas e perspectivas e conhecer o "Botão de Pânico".
Um Retrato Alarmante da Realidade
Mariana não se distancia da cruel realidade nacional, apresentando índices preocupantes de violência doméstica e de gênero. Durante o ano corrente, fevereiro viu um pico de ocorrências, superando registros de outros tipos de crimes. Essa violência, frequentemente, ocorre nos finais de semana e feriados, muitas vezes associada ao consumo de álcool e drogas.
Subjacente às Estatísticas: Raízes Culturais e Sociais
A coordenação da Patrulha Maria da Penha percebe que as agressões frequentemente se enraízam em uma triste realidade cultural. Ana Cláudia enfatiza que muitas mulheres enfrentam uma pressão interna para se submeterem a um patriarcalismo arraigado, onde o homem é visto como provedor e a mulher como submissa. Essa mudança gradual na percepção de papéis resulta em resistência e confrontos.
Lei Maria da Penha: Definindo os Tipos de Violência
A Lei Maria da Penha, legislação pioneira para combater a violência de gênero, determina cinco tipos de violência: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Ana Cláudia destaca que a violência patrimonial, que envolve a destruição de bens e a restrição do acesso à renda, é frequente. No entanto, enfatiza que a agressão física é apenas um estágio de um ciclo, onde a vítima muitas vezes enfrenta uma série de abusos psicológicos e morais.
Botão do Pânico: Tecnologia que Salva Vidas
O entrevistador explora o inovador "botão do pânico" introduzido pela Patrulha Maria da Penha, em parceria com o Tribunal de Justiça de MG. Esse dispositivo, desenvolvido pela MTP do Espírito Santo, combina um sistema GPS com escuta telefônica, permitindo que vítimas acionem ajuda imediatamente. O botão alerta a central de monitoramento, que identifica a localização da vítima e envia uma viatura para o socorro, registrando áudio e a situação em tempo real. Essa tecnologia agiliza o processo de socorro, economizando tempo crucial.
A Rede de Apoio e o Compromisso das Autoridades
A conversa aborda a importância de uma rede interligada para abordar a violência contra a mulher. Ana Cláudia enfatiza a colaboração entre diversos órgãos, desde educação até assistência social, para fornecer um suporte integral às vítimas. O sistema judicial, incluindo juízes, promotores e delegados, atua em conjunto para garantir que as medidas protetivas sejam implementadas e respeitadas.
Desafios e Esperança para um Futuro Melhor
No encerramento, Ana Cláudia aborda os desafios que as vítimas enfrentam ao sair de um ciclo de violência, como dependência emocional e econômica. Ela enfatiza a importância de denunciar e quebrar o silêncio, encorajando as pessoas a fazer denúncias anônimas em casos de agressão.
A entrevista com Ana Cláudia revela que a luta contra a violência de gênero exige ação conjunta de toda a sociedade. Enquanto as estatísticas sombrias refletem uma realidade complexa, a implementação de medidas como o botão do pânico e a atuação coordenada entre autoridades trazem esperança para um futuro onde as mulheres possam viver sem medo e violência.