fHist apresenta programação de Mariana e Ouro Preto e destaca histórias não contadas de mulheres e escravizados na gênese brasileira


Festival, que começa no dia 13 de abril, terá 13 diferentes atividades, como conferências, mesas de debate, lançamento e prosas com autores, exposição e aulão no Caminhão-Museu do Projeto República da UFMG, além de shows musicais

11/04/2023 às 10h48

O importante papel exercido por mulheres e escravizados na vida política, social e cultural do Brasil, apagado pela versão oficial dos fatos, estará no centro dos debates da edição especial do Festival de História (fHist), que será realizada em Mariana e Ouro Preto, entre 13 e 29 de abril. “O fHist vai resgatar histórias de segmentos sociais absolutamente negligenciados, dando a elas a relevância devida nos processos político, econômico e cultural de Minas”, diz o jornalista Américo Antunes, organizador do Festival e que divide a curadoria da edição especial com a educadora Pilar Lacerda.

Entre as histórias que serão resgatadas no “abril de histórias para não esquecer” está a de mulheres pretas, com papel ativo na vida religiosa e cultural das Minas Gerais, e a perseguição a elas. O tema será destaque na Mesa de Debates “Histórias não contadas: sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário”, com a presença do professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Moacir Maia e de Aldair Rodrigues, também historiador e professor da Universidade de Campinas (UNICAMP). Ambos são autores do livro “Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário: mulheres africanas e Inquisição em Minas Gerais”, que inspira a mesa do fHist, realizada em 14 de abril, a partir das 17 horas, no anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

A revolta de Carrancas, uma rebelião de escravizados, ocorrida em 1833, no Sul da então província das Minas Gerais, será tema da conferência ministrada pelo historiador e professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Marcos Ferreira de Andrade, no dia 14 de abril, no anexo do Museu da Inconfidência, a partir das 15 horas. Durante a revolta, nove membros de famílias senhoriais foram mortos e o movimento foi duramente reprimido pelo governo regencial. Os escravizados revoltosos foram enforcados.  Antônio Resende, o único que conseguiu se livrar da condenação à pena máxima, teve que enforcar os companheiros e terminou os seus dias preso na cadeia na vila de São João del-Rei e exerceu a função de carrasco até o fim dos seus dias. O impacto da revolta na macro política Imperial foi tão grande que resultou na origem da Lei n. 04 de 10 de junho de 1835, uma jurisprudência específica que punia com exemplaridade a “rebeldia escrava”.

Na conferência “A história em primeira pessoa: autobiografias e memórias no mundo afro-atlântico”, o historiador Rafael Domingos de Oliveira, que coordena o Núcleo de Acervo e Pesquisa do Theatro Municipal de São Paulo, fala sobre escravizados nas Américas e Caribe que puderam contar suas histórias de próprio cunho. A atividade começa às 10 horas, do dia 13 de abril, em Mariana, no auditório Francisco Iglesias do ICHS.

Mais histórias apagadas da influência negra na gênese brasileira serão abordadas no aulão no Caminhão-Museu do Projeto República da UFMG, estacionado na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, a partir das 11 horas do dia 14 de abril. Com o tema “África Brasil – Histórias da diáspora e os 20 anos da Lei 10.639”, o aulão será ministrado pela assistente social, educadora, ativista do movimento negro e deputada estadual Macaé Evaristo e por André Lázaro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Apresentada pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a edição especial do fHist, lançada em dezembro de 2022, é uma realização da Stratégia Cultura e Comunicação e da Nota.

Quem conta a história?

A edição especial do fHist terá ainda presenças de enorme destaque na vida intelectual e cultural do país, como a do premiado jornalista Fernando Morais, escritor e autor de livros de sucesso como a Ilha e as biografias “Olga”, “Chatô, o rei do Brasil” e a mais recente, o volume 1 de “Lula”, que conta a história do atual presidente do país. Fernando estará presente em Mariana, sua terra natal, em 13 de abril, no auditório Francisco Iglesias do ICHS, a partir das 20 horas, em Mesa de Debates com o tema “A história pelas lentes do jornalista e do historiador”, junto com Valdei Alves de Araújo, historiador, professor da UFOP e presidente da Associação Nacional de História (ANPUH), com mediação de José Benedito Donadon, poeta e ensaísta, professor da UFOP.

O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Thales Zamberland, coautor do livro “Adeus, senhor Portugal”, que apresenta uma nova e original história da Independência, a partir de rigorosa pesquisa e amplo diálogo com a historiografia, também estará em Mariana, em 13 de abril, no auditório Francisco Iglesias do ICHS, a partir das 15 horas. Em mesa com o mesmo nome do livro, Thales dividirá os debates com a jornalista Bertha Maakaroun, colunista do Jornal Estado de Minas e da Rádio CBN.

Veja a programação completa no site do fHist – www.festivaldehistoria.com.br – onde também é possível fazer as inscrições para participar gratuitamente do evento.


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