'O combate à corrupção é o carro-chefe da PF', diz superintendente em MG

Superintendente Regional da PF em Minas Gerais, Tatiana Alves Torres — Foto: Flávio Tavares/O Tempo

Tatiana Alves Torres é a segunda mulher a ser nomeada para o cargo no Estado

10/03/2023 às 15h09

Empossada na quarta-feira (9/3) como superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, a delegada Tatiana Alves Torres é a segunda mulher a ser nomeada para o cargo no Estado. Em entrevista a O TEMPO, Tatiana fala das prioridades da corporação e da busca por uma atuação cada vez mais discreta. A delegada está na PF desde 2002 e já chefiou a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros e a Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários.

Quais são as prioridades da PF em Minas, quais são os focos e ações de trabalho da corporação, além do combate à corrupção.

Em Minas Gerais, a ideia é continuarmos com o trabalho alinhado com as demais instituições de segurança pública no Estado. Agora, com a criação de duas novas diretorias de combate aos crimes cibernéticos e a diretoria da Amazônia e de Meio Ambiente certamente tais ações vão repercutir aqui no Estado. Nós já criamos, em Minas, a delegacia de crimes cibernéticos que é um tema atualíssimo e a gente precisa realmente precisa ter um enfoque e um combate severo em relação a isso. E também temos a questão ambiental que é importante não só para o país, mas que perpassa na história de Minas Gerais. Então, vamos continuar mantendo e priorizando os nossos trabalhos nessas áreas sem contar essa atuação em equipe e alinhada com as demais instituições. 

A senhora já esteve à frente das Delegacias Especializadas de combate a Crimes contra o Meio Ambiente, e isso é um assunto atual e recorrente no Estado. Esta é uma das prioridades atualmente?

Com certeza, eu acredito que tem crescido cada vez mais a atenção para esse tema. As Delegacias de Combate aos Crimes Ambientais e Patrimônio Histórico foram criadas em 2003 e agora é interessantíssimo essa atuação da direção geral, essa iniciativa de criar uma diretoria específica para esse tipo de crime, ou seja, isso demonstra a relevância desse assunto e desse objeto. Para mim é um tema muito caro. No período em que eu fiquei a frente dessa delegacia aqui em Minas Gerais, eu vi a demanda que temos aqui, a necessidade que temos em Minas Gerais para estarmos atentos a essa temática. 

Depois da lava jato, que movimentou muito as operações contra corrupção de agentes públicos, agora, me parece que casos de corrupção relacionados à política diminuíram sensivelmente. Isso, de fato, é uma realidade? O que mudou para que essa redução acontecesse? 

Não acredito que tenha modificado muito, talvez, o nosso olhar ou a forma de atuação, a gente esteja mais atento, com mais rigor técnico, mais rigor profissional, trabalhando de forma séria e responsável. O trabalho de combate a corrupção continua, é um dos carros chefes da Polícia Federal, a gente não vai obviamente se omitir em relação a isso. Simplesmente temos que estar atentos à técnica, aos procedimentos. Então, talvez essa seja a diferença. 

Nesses últimos, houve redução no número de operações e inquéritos conduzidos pela corporação? 

Não acredito que tenha tido, pelo contrário. Pelo menos aqui em Minas Gerais o número de operações aumenta. Talvez, a forma de repercussão, a gente realmente quer atuar de uma maneira mais low profile, sem tanta exposição do nosso trabalho, mas o número de operações, pelo contrário, eu acho que só aumenta aqui. 

Uma mudança de governo federal, como ocorreu, muda em quanto o trabalho da PF em MG? Ou é indiferente? Como fica a independência da PF com a nova direção? 

Continuamos independentes e a direção geral tem pautado muito essa questão da autonomia do trabalho do policial, da atividade policial e do delegado que conduz. Então, continua igual. Essas movimentações em nomeações para cargos de comissão e em cargos de confiança é natural que ocorra com as mudanças de gestão. Obviamente que se muda a gestão em Brasília, isso repercute nos Estados. Contudo, nossa atuação continua firme e buscando sempre autonomia, a gente pauta muito nessa questão. 

Temos vários delegados mineiros na direção da Polícia Federal em Brasília. A senhora acredita que isso será um facilitador para a Superintendência de Minas? 

Acredito que isso facilita a interlocução, nas demandas que conseguimos levar até lá. Então, o fato de termos colegas que estiveram aqui até poucas semanas atrás, alguns dias atrás, em coordenações e em diretorias, facilita com certeza na interlocução das nossas necessidades e pelo fato deles conhecerem também a nossa realidade. Ter alguém em Brasília que conheça a realidade de Minas é muito interessante. 

A PF teve, em outro momento, a nomeação de um ex-superintendente da PF, Sérgio Barboza, para um governo (Fernando Pimentel). Esse movimento de ida para o Poder Executivo foi isolado ou é recorrente em Minas Gerais entre servidores da PF? 

Não é recorrente em Minas, é bem eventual na verdade esses movimentos para trabalho no poder executivo. É natural que especialmente as secretarias de segurança pública nos Estados busquem colegas que trabalhem com segurança pública, que sejam experts, vamos dizer assim ou tenham experiência com esse assunto, mas são situações bem eventuais aqui em Minas Gerais, até porque o nosso efetivo é bem reduzido, então, não podemos dispor dessa situação de cedermos colegas para outras instituições, não temos essa disponibilidade de pessoa. E é importante lembrar que, atualmente, o doutor Sérgio é aposentado, então, ele tem total liberdade para atuar onde quer que ele queira, para aceitar os convites feitos a ele. 

Como estão as investigações em Minas no que diz respeito aos atos de vandalismo em Brasília no 8 de janeiro. Quantos mineiros participaram? Eles estão presos? Qual o perfil dessas pessoas e quais podem ser as penas se condenados?

Essas informações todas é a polícia federal em Brasília  que possui, pois eles que estão conduzindo essas investigações. Então, aqui (em Minas), tão somente quando acontece, a gente cumpre determinação judicial, mas vindas de Brasília.

A senhora é a segunda mulher a ser nomeada para o cargo de Superintendente Regional da PF em Minas Gerais, o que esse posto significa para a senhora? 

Essa questão do papel femino nas funções de comando tem um significado muito importante, principalmente, nas instituições de segurança pública onde somos poucas. Acredito que somos exemplos para outras meninas e mulheres que queiram seguir em suas aspirações. E é importante também que o governo, na verdade, a direção geral esteja atenta a isso, a direção da Polícia Federal. 

Fonte Jornal O Tempo 


Voltar

Confira também: