Visão dos 100 dias de SAAE Mariana


Diretor do Saae Mariana faz um resumo dos 100 dias frente a autarquia

26/03/2018 às 09h19

Visão dos 100 dias de SAAE Mariana

Por que o SAAE “não funciona”? 

Na minha visão, o primeiro grande erro do SAAE Mariana é não sermos o que de fato nosso nome representa: Serviço “Autônomo” de Água e Esgoto.

Nossa querida Mariana, por muitos anos, padeceu por falta de investimento no saneamento básico. Tinha-se uma visão de obras de cunho visual como prédios, praças, shows, etc., que embora também fossem de grande importância para o município, careceram do foco necessário em longevidade, sustentabilidade, infraestrutura urbana, qualidade de vida e saúde. 

O atual governo é o único, nos últimos anos, que tem buscado investimentos em âmbitos estaduais e federais para mudar a realidade da distribuição de água e do tratamento do esgoto da nossa cidade. 

Hoje, infelizmente, o saneamento só é lembrado na falha, no erro, na falta. É preciso entender que projetos para essa área são pensados vislumbrando 20 anos à frente. São estruturados para que os próximos 20 anos o sistema não tenha problemas ou necessite de grandes investimentos. Mas, o que acontece hoje é um saldo negativo nessa conta. Estamos 20 anos atrasados no tempo. Mariana é uma das poucas cidades do país onde a detentora do serviço de saneamento não cobra pela distribuição de água. 

Nosso consumo per capta é um “CRIME” ambiental. Temos disponibilizado mais de 400 litros de água por pessoa por dia, onde a recomendação do Ministério da Saúde é que seja em torno de 120 litros por pessoa por dia. Além disto, nossa cultura assistencialista e individualista não nos faz pensar que o alto consumo de uns, prejudica outros na mesma intensidade.

Alguns tem demais, outros de menos. Má gestão? Posso afirmar que não. Tanto que são 24 trocas de diretores em menos de 12 anos de existência. Diretores com várias formações e especialidades. Será que nenhum era bom o suficiente? 

Hoje muitos pensam que a melhor solução seria repassar o saneamento da autarquia para o serviço privado. Mas a eficiência dessa mudança continuaria sendo uma incógnita. Sabe por quê? Na melhor das perspectivas, seriam necessários 36 meses para corrigir as falhas que existem hoje no sistema. Estruturas físicas sucateadas, captações sem licenciamento, reservatórios subdimensionados, cerca de duas mil ligações clandestinas, tubulações improvisadas (algumas ainda de ferro na região tombada pelo patrimônio), baixa qualidade de energia elétrica da concessionária - além de não possuirmos geradores -, poucos veículos para a logística, influência política, religiosa e comercial. Isso sem falar no vandalismo. E é por estes e outros motivos, que recebemos, hoje, uma média de 100 Ordens de Serviço por dia.

Estudos atuais apontam que a solução para os sistemas de água e esgoto de Mariana seria um investimento na casa dos 120 milhões de reais. 

Temos hoje um custo mensal de 850 mil reais, divididos em folha de pagamento (44%), veículos (15%), ferramentas e materiais (25%), energia elétrica (12%) e outros (4%), enquanto a estimativa de custo necessário para a prestação de um serviço satisfatório pela Autarquia, segundo estudo apresentado pelo Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata de Minas Gerais (CISAB), é de 1,5 milhão de reais mensais.

Então, nessa realidade, podemos dizer que SAAE Mariana não atende? Essa interrogação é muito maior do que as críticas nas redes sociais. E, baseado em todos os obstáculos que temos, posso dizer que atendemos sim! Mas, com certeza, temos muito o que melhorar... estamos longe da perfeição. 

Finalizo esta nota com a minha visão de 100 dias na direção do SAAE, mencionando uma frase do Professor e Filósofo Mário Sérgio Cortela, que traduz muito bem o que o SAAE Mariana é hoje: “Estamos fazendo o melhor que podemos fazer enquanto não temos condições melhores para fazer melhor ainda”.

Amarildo Junior
Diretor Executivo - SAAE Mariana


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