Empresa recebe autorização para reconstruir Ferrovia Bahia-Minas, desativada em 1966

Ponto final nos anos 1940, estação do distrito de Alfredo Graça - (foto: Beto Novaes/EM/D.A.Pres)

13/02/2023 às 19h54

Quase 57 anos após ser desativada, a Ferrovia Bahia-Minas deve ser reconstruída e reativada. Na última terça-feira (7), foi publicada a deliberação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), por meio da diretoria colegiada, autorizando a construção e a exploração do trecho original de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha de Minas, a Caravelas, no Extremo-Sul da Bahia, totalizando 578 quilômetros.

A Porto Caravelas MTC Construção e Administração Portuária é a interessada em reativar a ferrovia. O prazo de concessão definido é de 98 anos. A empresa tem 30 dias para assinar o contrato, sob pena de perda de validade.

O objetivo principal da reativação da Bahia-Minas é o transporte de eucalipto até a fabrica da Suzano em Mucuri. O Vales do Jequitinhonha e Mucuri e o Norte de Minas possuem grandes áreas de cultivo da árvore, usada na produção de celulose.

Além do eucalipto, a ferrovia poderá ajudar a escoar a produção do Sul Baiano, como o cacau e outras frutas como melão e melancia, exportados para a Europa pelo Sudeste do país.

Outro produto que pode ser transportado pela ferrovia é o lítio. Atualmente, a Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, investe pesado na construção de uma planta de extração entre os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, para produzir lítio de alta pureza, usado na produção de baterias. A expectativa é chegar à produção de 220 mil toneladas por ano de concentrado de lítio. O produto iria até Caravelas e de lá seguiria para Ilhéus, de onde pode ser exportado.

O turismo também poderá ser fomentado com a reativação da Bahia-Minas. Há a expectativa que haja trens ou vagões de passageiros, incrementando as atrações turísticas das regiões cortadas pela ferrovia.

Ponta de Areia

Ponta de Areia era o ponto inicial da Bahia-Minas, no munícipio de Caravelas. O local foi imortalizado em uma música composta pelo jornalista e compositor Fernando Brant, em parceria com o cantor e compositor Milton Nascimento.

Brant percorreu a ferrovia sete anos após a sua desativação, em 1973, para uma reportagem da revista O Cruzeiro, da qual era repórter. Construída a partir de 1881, a Bahia-Minas foi responsável pelo surgimento de vários povoados e cidades ao longo de seu percurso, além de integrar o Sul da Bahia e o Vale do Jequitinhonha economicamente a outras regiões pelo porto de Caravelas.

Sua desativação desolou estas localidades e os relatos colhidos durante a reportagem inspiraram a composição da canção, lançada por Milton em 1975.

Em 2015, o Jornal Estado de Minas fez uma reportagem sobre os 50 anos de desativação da ferrovia. Repórteres refizeram todo o trajeto e mostram o cenário de abandona da Bahia-Minas.

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